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InCor recebe aporte para desenvolvimento de vacina em spray nasal contra a covid-19
16/01/2023
Com os recursos de R$ 30 milhões liberados pelo Ministério da Saúde, pesquisa seguirá para a fase de produção de doses para ensaio clínico
O InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) recebeu recursos para a continuidade do projeto de desenvolvimento da vacina em formato de spray nasal para o combate à covid-19. O aporte de R$ 30 milhões foi aprovado pelo Ministério da Saúde e permitirá que a pesquisa avance para a fase de produção de doses para os testes clínicos em humanos.
“A liberação desse recurso significa um impulso muito grande no desenvolvimento dessa vacina nacional. Vamos agora avançar com o projeto e para os testes clínicos em voluntários”, afirma Prof. Dr. Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor e professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.
Neste momento, o InCor está em tratativas com fabricantes internacionais para a produção de doses do imunizante seguindo normas de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e escala industrial. Com o fechamento desse acordo, será feito pedido de autorização na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para dar início às fases 1 e 2 dos testes clínicos em humanos - que irão analisar a segurança, a resposta imune e o esquema vacinal (dose) mais adequado.
O desenvolvimento brasileiro, feito pelo InCor, de uma vacina em formato de spray nasal é inédito no mundo não apenas pela sua forma de administração pelas narinas, mas também pelos componentes derivados do vírus que ele utiliza para a imunização e pelo veículo que os transporta (nanopartículas).
O modelo em formato de spray de aspiração nasal visa combater o Sars-Cov-2 no local mais importante da infecção: as vias aéreas. O vírus entra no organismo pelo nariz infectando a mucosa. O foco é criar uma vacina que atue diretamente no sistema respiratório, fortalecendo a resposta imune de toda essa região, de forma a evitar a cadeia de infecção do indivíduo, desenvolvimento da doença e transmissão para outras pessoas.
“As pesquisas experimentais realizadas até agora mostram que os animais imunizados apresentam altos níveis de anticorpos IgA e IgG e também uma resposta celular protetora. Neste momento da pandemia e conforme a população brasileira se vacinou de forma expressiva contra a covid-19, a proposta desta vacina é ser um imunizante de reforço capaz de barrar a infecção e disseminação do vírus pelas vias áreas”, explica Prof. Dr. Jorge Kalil.
Diferentemente das vacinas atuais, que usam a proteína spike para induzir a resposta imune do organismo, a vacina do InCor utiliza peptídios sequenciais (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) derivados de proteínas que compõe o vírus. Para fazer a administração pelas vias aéreas superiores, os pesquisadores desenvolveram uma formulação também inédita. A proteína vacinal é inserida em nanopartículas capazes de atravessar a barreira de cílios e muco presentes no nariz, chegando às células.
O imunizante desenvolvido pelo Laboratório de Imunologia do InCor conta com a parceria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e das seguintes unidades da USP (Universidade de São Paulo): FM (Faculdade de Medicina), Instituto de Ciências Biomédica (ICB) e FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas).