Imprensa
Baixas temperaturas exigem cuidados extras de pessoas vulneráveis
11/08/2022
Atenção com a saúde deve ser reforçada em idosos, cardiopatas e pessoas em situação de rua
Com o registro de nova frente fria atingindo especialmente as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, o InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) alerta para o aumento do risco de problemas cardiovasculares decorrente da exposição às baixas temperaturas. Estudos apontam que durante a estação mais gelada do ano, principalmente quando os termômetros ficam abaixo dos 14 graus, o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) aumenta em até 30%, e a chance de acidente vascular cerebral (AVC), em 20%.
Nessa situação, o organismo entra em um verdadeiro combate para manter o corpo aquecido em torno de 36,1ºC. “O metabolismo se acelera, os vasos sanguíneos se contraem e o coração precisa se esforçar muito mais para bombear o sangue. Em pessoas debilitadas ou com doenças crônicas como as cardíacas, essa condição eleva o risco de acidentes cardiovasculares”, explica o cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho, presidente do InCor.
Estão no grupo de risco para baixas temperaturas pessoas acima de 65 anos, hipertensos, aqueles que já tiveram infarto ou AVC, que passaram por angioplastia ou ponte de safena. Fatores como o sedentarismo, diabetes e colesterol descontrolados e estresse também merecem atenção. A população em situação de rua também tem risco aumentado, devido à sua vulnerabilidade social, que tem impacto na saúde, agravada pela exposição às baixas temperaturas.
Dr. Kalil alerta para outros fatores de risco no inverno, que afetam até mesmo pessoas que não têm doenças cardíacas. “Estão relacionados com essa época do ano o aumento do tabagismo em ambientes fechados, a elevação do peso corporal, devido à maior ingestão de alimentos gordurosos, níveis mais baixos de atividade física e aumento da sensação de solidão entre as pessoas, questões diretamente relacionadas à saúde do coração”, ressalta Dr. Roberto Kalil.
Para além de se proteger do frio com o uso de roupas reforçadas, a recomendação para todos é manter alimentação saudável, inserir a prática de exercícios físicos na rotina e se hidratar constantemente, não apenas nesta estação, mas durante o ano todo.
“Para cardiopatas, além dessas medidas, é essencial manter o acompanhamento médico periódico e as medicações em dia, assim como controlar o colesterol, a pressão arterial e a glicemia, com atenção a qualquer sinal de desconforto”, recomenda o cardiologista.
O que acontece com o corpo em temperaturas baixas
Nosso maior órgão sensorial, a pele, é o primeiro a receber o choque do frio. Em seguida, ela emite um alerta ao cérebro que, imediatamente, envia comandos de sobrevivência ao corpo. O primeiro deles é a constrição dos vasos. O objetivo aqui é diminuir o fluxo de sangue para a pele, para evitar seu contato com o frio, dispersando calor do corpo. Esse mecanismo de regulação é o que causa a cor arroxeada na pele e extremidades de membros.
Em pessoas com o sistema vascular fragilizado como os idosos e os cardiopatas, o movimento de constrição dos vasos favorece o desprendimento de placas de gordura ou coágulos acumulados nas artérias, levando ao infarto ou acidente vascular cerebral.
Além disso, quando os vasos se contraem, a pressão aumenta. Correndo em velocidade maior dentro dos vasos, sob grande pressão, o sangue não consegue chegar adequadamente nas células que, sem o suprimento adequado de oxigênio, ficam isquêmicas.
Ao mesmo tempo, o movimento sanguíneo intempestivo nos vasos pode causar machucados em suas paredes, especialmente se eles já estiverem debilitados pela aterosclerose.
A obstrução dos vasos é favorecida ainda pela maior produção pelo fígado de proteínas que favorecem a coagulação do sangue. Essa condição também é potencializada também por outros fatores.
Segundo um estudo brasileiro publicado na revista científica Nature, a diminuição da temperatura do ar está associada ao aumento de três mediadores da resposta inflamatória, a proteína C reativa, a interleucina-6 e o fibrinogênio. Este último associado à formação de coágulos, quando em altos níveis no organismo.
No mesmo estudo, o levantamento feito pelos pesquisadores sobre os registros diários de óbitos por infarto agudo do miocárdio, entre 1996 e 2013, associou 661 mortes por ano ao frio em São Paulo. “A temperatura do ambiente tem relação inversa com a pressão arterial”, explica Dr. Roberto Kalil Filho.
Sobre o InCor
O InCor é um hospital público de alta complexidade, especializado em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica. Além de ser um polo de atendimento - desde a prevenção até o tratamento, o Instituto do Coração também se destaca como um grande centro de pesquisa e ensino. O Incor é parte do Hospital das Clínicas e campo de ensino e de pesquisa para a Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo. Para a manutenção de sua excelência, o Instituto tem suporte financeiro da Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos.
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