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OS CORAÇÕES VÃO BATER MAIS FORTE NO INCOR, NESTA SEGUNDA‐FEIRA
16/12/2011
Show beneficente celebrará 2011 ‐ um ano especial para as crianças cardíacas – e renovará as esperanças de que, com a ajuda da sociedade, mais vidas possam ser salvas no próximo ano.
O ano de 2011 será conhecido como o ano do transplante infantil no Brasil, não apenas pelo País ter alcançado a marca do 100º transplante realizado em crianças e adolescentes, mas também pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) ter batido o recorde na realização dessa cirurgia nesse segmento etário – foram 18 transplantes cardiopediátricos neste ano, o dobro da marca histórica do hospital. No próximo dia 19 de dezembro, às 10h, no Centro de Convenções Rebouças, pacientes dos programas de transplante de coração e de pulmão do Incor comemorarão a conquista do transplante para muitos deles e a esperança por um novo órgão em 2012 que salve a vida de tantos outros. O show beneficente das bandas Art Popular, Tihuana, Musiccata e All You Need is Love reunirá quase 400 pessoas, entre profissionais das equipes – clínicos, cirurgiões, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas etc. ‐, pacientes transplantados e em fila de espera e seus familiares. “Precisamos manter a sociedade incentivada e mobilizada para mais doações. Quanto mais transplantes realizados, menos mortes em fila de espera. Há muitas pessoas ainda para serem salvas”, explica o Dr. Fábio Jatene, diretor do Programa de Transplante de Pulmão do Incor.
Esperança e conquista é o que une no momento os irmãos Maurício, 37 anos, e Rosana Gregoracci, 36 anos, ambos portadores de fibrose cística desde a infância. O biomédico Maurício teve seus pulmões transplantados no Incor há um ano e hoje leva uma vida praticamente normal. Enquanto aguarda a liberação para voltar ao trabalho, já reassumiu a sua rotina de exercício na academia, com a esperança de que, logo mais, consiga voltar para a sua paixão nos esportes, o mergulho.
Sua irmã Rosana, que está na fila desde 2007, tem esperança que 2012 traga, assim como aconteceu com seu irmão Maurício, o recomeço de uma nova vida para ela, o marido e a filha de um ano de idade. Rosana costuma refletir sobre o fato de que a possibilidade de receber um pulmão transplantado depende de que alguém que tenha esse órgão sadio venha a falecer. “O momento da morte é difícil para todos nós, sem dúvida, mas mesmo nesse momento tão doloroso é possível pensar no próximo, é possível mudar a vida de outras pessoas para sempre”, diz Rosana.
O Incor registra hoje uma fila de espera para transplante de pulmão com 70 pacientes. Para o transplante de coração, essa fila soma 9 crianças e adolescentes e 24 adultos. Os índices de mortes em filas de espera é de 44% no transplante de coração adulto e de 30% no de pulmão.
Pesa nesses números, principalmente, o índice de aproveitamento dos órgãos doados. Hoje apenas 20% dos pulmões que são ofertados estão, a princípio, aptos a serem captados e, destes, apenas 50% mostram‐se efetivamente em condições de serem transplantados. Isso resulta, ao final, em apenas 5% de aproveitamento dos pulmões notificados para doação. Em relação ao coração, o índice de aproveitamento não ultrapassa 12% dos órgãos ofertados.
Esse baixo índice de aproveitamentos decorre da sensibilidade do coração e do pulmão à deterioração natural do processo de morte encefálica, ao contrário do que ocorre em outros órgãos, como fígado e rins. Essa condição exige um alto investimento na manutenção do doador até o momento da retirada desses órgãos mais sensíveis, de maneira que eles possam ser efetivamente transplantados com uma taxa superior de sucesso.
Enquanto não aumentam significativamente o número de doações e a qualidade da manutenção do doador em condições ideais para transplante, a equipe do Incor não cessa de trabalhar incansavelmente para dar novas esperanças a pacientes como Rosana.
Em 2012, o Instituto do Coração deve introduzir no Brasil a técnica inovadora de recuperação de pulmões para o transplante, tecnologia que permite que órgãos com excesso de líquidos, atualmente inviáveis para transplante, sejam drenados e adequadamente hidratados. Espera‐se com essa inovação dobrar o número de pulmões aptos para a cirurgia.
O Incor tem capacidade instalada para realizar, por ano, 50 transplantes de coração de adultos e 40 de pulmão. “No que cabe às nossas equipes, continuaremos a nos esforçar para aumentar esse número até o nosso limite”, diz Dr. Noedir Stolf, diretor da Divisão de Cirurgia Cardíaca do Incor. “Esperamos que a sociedade civil e o governo se mantenham sensibilizados, como têm estado até este momento, para que o sistema de transplante no País consiga atender à demanda e que, assim, mais pessoas possam ser salvas.”
ESFORÇO DE EQUIPE
Maior centro transplantador de coração e de pulmão da América Latina, o Incor guarda estórias marcadas pela dedicação e até mesmo heroísmo de suas equipes para dar uma segunda chance de vida a pacientes em fila de espera.
Não são poucas as vezes em que os profissionais do transplante de coração e de pulmão trabalham madrugada adentro, finais de semana e feriados. Isso sem contar os episódios em que os cirurgiões têm de acionar pessoalmente todas as instâncias possíveis, como as polícias Militar e Civil, para conseguir transporte a tempo de captar um órgão, seja ambulância, helicóptero ou avião de pequeno porte.
Nessas situações, uma ampla equipe de retaguarda fica à espera do órgão, no centro cirúrgico, na preparação do paciente para a operação, de maneira que não seja desperdiçado sequer um minuto de tempo.
Uma nova chance de vida para os pacientes é tudo o que a equipe de transplante do Incor busca. E, segundo os profissionais que nela atuam, todo esse esforço compensa quando a vida do paciente é salva e ele pode reassumir suas atividades em família, no convívio social e no trabalho.
O INCOR E OS TRANSPLANTES
Em 34 anos de existência, o hospital somou mais de 620 transplantes de coração realizados em adultos e crianças. Entre 2003 (quando o programa de transplante de pulmão do Incor foi reativado) e 2011, foram feitos 150 transplantes de pulmão em adultos, grande parte deles bilaterais, ou seja, de dois pulmões ao mesmo tempo.
O resultado do Incor em transplantes se deve ao empenho de cardiologistas, pneumologistas, cirurgiões e de uma equipe multiprofissional, que envolve diretamente mais de 50 profissionais.
A atuação desse grupo vai desde o momento em que o paciente é indicado para o transplante, passa pela manutenção da vida até a operação, a cirurgia, a recuperação pós‐operatória e o acompanhamento clínico contínuo do transplantado por toda a vida. A infraestrutura hospitalar requer centro cirúrgico, unidades de terapia intensiva e enfermarias de alta complexidade.
Os cardiologistas e cirurgiões do Incor foram pioneiros no transplante de coração no Brasil. Em 1968, a equipe do Prof. Euryclides de Jesus Zerbini, um dos fundadores do Incor, realizou o primeiro transplante cardíaco do País e um dos primeiros no mundo.
O Incor foi pioneiro também no desenvolvimento do primeiro coração artificial do Brasil, em 1993, que é utilizado até hoje em pacientes do Instituto para mantê‐los em condições de vida até que surja o órgão para transplante. Nos próximos anos, o hospital deverá lançar o primeiro coração artificial infantil.