Endocardite Infecciosa
Em quem e como fazer a prevenção
Endocardite infecciosa é uma doença grave, que resulta usualmente da invasão de microorganismos (bactéria ou fungo) em tecido endocárdico ou material protético do coração.
Havendo oportunidade para bacteremia, como por exemplo, a manipulação dentária em portadores de valvopatia, pode ocorrer colonização pela aderência do microorganismo na valva deformada.
Uma vez confirmado o diagnóstico de endocardite infecciosa, para o tratamento adequado é necessário manter o paciente internado por um longo período (pelo menos um mês), em uso de antibióticos endovenoso em altas doses. Em decorrência da alta mortalidade em torno de 25% , devemos ficar atentos às complicações clínicas possíveis, como agravamento da lesão valvar pré-existente, insuficiência cardíaca, embolias sépticas sistêmicas, insuficiência renal e em 35% dos casos há necessidade de cirurgia cardíaca.
Assim a prevenção da endocardite infecciosa é de grande importância, sendo desejável a prevenção, particularmente em indivíduos de alto risco como os portadores de próteses valvares, shunts ou condutos sistêmico-pulmonares, passado de endocardite e cardiopatia congênita cianótica complexa. Outras situações são de risco moderado como a maioria das cardiopatias congênitas acianóticas, disfunção valvar pela doença reumática, do colágeno, cardiomiopatia hipertrófica e prolapso valvar mitral com regurgitação; as demais são de baixo risco.
Além de definir a população de maior risco e necessário estabelecer qual procedimento merece prevenção. Na realidade, a manutenção de condições de saúde adequadas, incluindo dental, é a melhor prevenção para estes indivíduos. Neste particular, nossa população tem péssimos cuidados de preservação e higiene dentária, o que facilita a instalação de endocardite. Em algumas situações, como certos procedimentos ou cirurgias gastrointestinais, ginecológicas ou urológicas pode ser necessário o uso de antibióticos profilático. Outros procedimentos como instalação de catéteres, sonda uretrais, cateterismo cardíaco a profilaxia não é recomendada ou de valor controverso (Tabela 1).
Os antibióticos mais utilizados na profilaxia da endocardite são as penicilinas, os aminoglicosídeos e em algumas situações a vancomicina e as cefalosporinas (Tabela2). A utilização de medidas preventivas, o diagnóstico precoce e a instituição de terapêutica e acompanhamento eficaz pode reduzir o impacto sobre a história natural dos cardiopatas de risco, bem como a ainda expressiva morbi-mortalidade da endocardite infecciosa.
Na Unidade Clínica de Valvulopatia do Instituto do Coração (InCor/HC.FMUSP), coordenada pelo Prof. Dr. Max Grimberg, os médicos assistentes Prof. Dr. Flávio Tarasoutchi e o Dr. Roney Orismar Sampaio seguem as orientações da tabelas 1 e 2, respectivamente, para indicação de profilaxia da endocardite infecciosa e para indicação do antibiótico nestas situações.
Tabela 1: Relação de procedimentos onde é desejável a profilaxia para endocardite:
Tratamento dentário: procedimentos envolvendo sangramento:
procedimentos periodônticos
procedimentos endodônticos
extração
cirurgia
implante dentário,
colocação de aparelho ortodôntico com banda
limpeza profilática
Trato Respiratório: procedimentos cirúrgicos
amigdalectomia
adenoidectomia
broncoscopia com broncóspio rígido
Trato Gastrointestinal: escleroterapia para varizes esofágicas
dilatação esofágica
colangiografia endoscópica retrógada
cirurgia
Trato Genitourinário: cirurgia próstata
Cistoscopia
Dilatação uretral
Tabela 2: Recomendações para profilaxia antibiótica em endocardite
PROCEDIMENTOS DENTÁRIOS, TRATO RESPIRATÓRIO E ESÔFAGO
SITUAÇÃO
ANTIBIÓTICO
REGIME
PROFILAXIA GERAL
Amoxacilina
Ou
Ampicilina
2g ou 50mg/Kg* VO 1h AP**
ou
2g (IM/EV) ou 50mg/kg 30 min AP
ALÉRGICO A PENICILINA
Clindamicina
Ou
Cefalexina***
600mg ou 20mg/Kg VO/ 1h AP ou IM 30 min AP
ou
2g ou 50mg/Kg VO/ 1h AP
PROCEDIMENTO GASTROINTESTINAL (EXCETO ESÔFAGO) E GENITOURINÁRIO
PACIENTE DE ALTO RISCO
Ampicilina
+
<P align=center DESIGNT