A Importância do Exame Clínico

Nas últimas décadas a medicina evoluiu muito. Com avanço a tecnologia de informática, máquinas modernas com definições perfeitas das imagens permitiram o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos e o aperfeiçoamento dos métodos já utilizados. Novas terapêuticas são pesquisas todos os dias. A descoberta da imagem tridimensional do DNA e o projeto GENOMA abriram um campo ainda mais fascinante, a biologia molecular, que permite tanto fazer diagnóstico através de um gene como usar a genética para tratar uma doença. E a clínica, o exame físico, o que aconteceu com ela? Será que nos dias atuais a clínica não é mais importante? O exame físico e a história clínica do paciente não nos diz mais nada?

No início da medicina, talvez, pela falta de exames complementares todos os dados da história clínica e do exame físico eram fundamentais para o diagnóstico de uma doença e para o acompanhamento do paciente. Baseado nas informações passadas pelos pacientes (sintomas), as doenças foram sendo identificadas e subdivididas em síndromes. Os sinais clínicos tornaram dados adicionais fundamentais para concluir o diagnóstico, quantificar a gravidade e para estratificar o risco de um paciente. Com auxílio dos sinais e dos sintomas cientistas pesquisaram a fisiopatologia de cada doença.

Com o passar dos anos a necessidade de melhorar a terapêutica e consequentemente a morbidade e a mortalidade estimulou a pesquisa de novas medicações que atuassem em diferentes mecanismos da fisiopatologia das doenças. A partir da década de 80 surgiu a medicina baseada em evidência e com ela a necessidade de provar o real benefício de cada medicação utilizada. Nos dias atuais, os medicamentos só são liberados para o uso se tiver sua eficácia comprovada em estudos experimentais e em ensaios clínicos.

Com o avanço cada vez maior da tecnologia dos métodos diagnósticos, da propedêutica e da terapêutica gênica e da medicina baseada em evidências a importância da história clínica e sinais clínicos dos pacientes está sendo relevada ao segundo plano. Surpreendentemente, em meio a todo esse novo ângulo da medicina, é publicado um sub-estudo de um dos mais citados estudos da cardiologia baseada em evidência (SOLVDStudies Of Left Ventricular Dysfunction) cujo objetivo é a importância da terceira bulha (B3) e da turgência venosa jugular (TVJ) no prognóstico da insuficiência cardíaca (IC). O sub-estudo do SOLVD mostrou que, ambos, B3 e TJV (sinais clínicos) são isoladamente fatores de risco independentes para eventos adversos e para progressão da IC (N Engl J Med 2001,345:574-81).

No InCor-HC/FMUSP, centro de excelência em pesquisa no Brasil, também se orgulha em formar novos clínicos. Alunos de graduação e pós-graduação Senso Latun e Senso Restritun formados pela FMUSP que passam pelo InCor-HC/FMUSP durante sua formação aprendem não somente a metodologia e a ética da pesquisa clínica e experimental, mas acima de tudo a importância maior da clínica médica. O professor titular do InCor-HC/FMUSP, Prof. Dr. José Antônio Franchini Ramires, frisa a necessidade de ser sempre um bom clínico para ser um grande pesquisador.


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