Novos Avanços da Angioplastia Miocárdica

Desde sua introdução, em 1977, a angioplastia transluminal coronária com balão obteve grandes avanços nos modelos dos balões, nas técnicas de angioplastia, na experiência dos médicos e em desenvolvimento de novos dispositivos implantáveis ("stent").

A angioplastia transluminal coronária percutânea mediante a insuflação do balão provoca esfoliação e desnudamento do endotélio, sendo responsáveis pelo desenvolvimento de uma resposta inflamatória local. A capa fibromuscular que cobre a placa se rompe mediante ao impacto da compressão do balão permitindo assim o alargamento da luz arterial. Ocorre neste momento exposição da luz do vaso às camadas mais profundas da placa; fenômeno este responsável pela ativação e agregação de leucócitos e plaquetas.

A adesão e agregação de leucócitos circulantes à parede das artérias são um componente essencial a reestenose pós-angioplastia transluminal coronária percutânea. Supõe-se que leucócitos circulantes possam ser ativados por proximidade a placas "rotas" mecanicamente pelo balão insuflado durante a angioplastia. A seqüência de eventos que ocorre no processo de ativação e adesão de leucócitos ao endotélio lesado é dependente de mediadores inflamatórios e de fatores quimiotáticos. Os agregados de leucócitos têm um papel importante no agravamento da lesão por lentificarem o fluxo no local permitindo assim que mais leucócitos se acumulem e por promoverem a obstrução da microcirculação coronária.

O "stent" intravascular pode ser usado como suporte para manutenção do resultado inicial da angioplastia coronária por eliminar a retração aguda e crônica do segmento da artéria e permitir a sustentação do tecido aterosclerótico friável minimizando o contato entre o sangue e os componentes trombogênicos sub-intimais da parede da artéria, otimizando desta forma o fluxo sanguíneo coronário. Com o objetivo de melhorar ainda mais o resultado da angioplastia juntamente a implantação do "stent" é utilizada drogas que inibem a agregação plaquetária. Mais recentemente,tem sido utilizado "stent" pré-tratado com medicações que inibem o processo inflamatório agudo desencadeado durante a angioplastia com bons resultados.

No Congresso Europeu, em setembro de 2001, foram apresentado os resultados do estudo RAVEL (Randomized study with the sirolimus-eluting VELlocity ballon expandable stent) que observou após seis meses de acompanhamento 26% de reestenose no grupo controle e zero (0%) no grupo com "stent"pré-tratado com sirolimus. O estudo ASPECT (ASian Paclitaxel-Eluting stent Clinical Trial) observou que o diâmetro luminal da artéria dos pacientes que receberam "stent" pré-tratado com altas doses de paclitaxel, com baixas doses de paclitaxel e os que receberam "stent" sem medicamento era de 2,53 mm, 2,28 mm e 1,79 mm, respectivamente após seis meses de acompanhamento.

No Instituto do Coração (InCor-HC/FMUSP) o Serviço de Hemodinâmica, coordenado pelo Prof. Dr. Eulógio E. Martinez Filho, foi um dos grupos brasileiro que participou do estudo RAVEL e atualmente participa de outros estudos que estão avaliando a utilização de "stent" pré-tratados.


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