A Unidade de Epidemiologia Clínica do InCor Investe na Promoção da Saúde Cardiovascular do Adolescente.

 

...... Por pares vivem os jovens na busca da resolução de suas angustias, por pares vivem os adultos na busca de novos horizontes, por pares vivem os idosos a contar as histórias..... Adolescentes multiplicam conhecimentos com adolescentes, constróem o processo educativo ENTRE pares.

A Unidade de Epidemiologia Clínica do Serviço de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular do Instituto do Coração tem no estudo dos fatores de risco para doenças cardiovasculares em adolescentes seu principal projeto de pesquisa e ensino, objeto das disciplinas de "Iniciação Científica" e de "Práticas de Educação em Saúde e Epidemiologia Cardiovascular", integrantes do currículo complementar do curso de graduação médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Síndromes isquêmicas, como a angina e o infarto do miocárdio, decorrem do desenvolvimento de placas gordurosas, ou ateromas, nas artérias coronárias que reduzem a luz dos vasos, se rompem e desencadeiam a formação de trombos que acabam obstruindo a artéria por completo. As lesões também acometem as artérias carótidas, cerebrais, periféricas e aorta. Embora os sintomas ocorram na fase adulta da vida, o processo de aterosclerose inicia-se na infância e acelera-se na adolescência. Evidências anatomopatológicas comprovam que a intensidade do processo depende da presença de fatores de risco, como o hábito de fumar, sedentarismo, obesidade, hipertensão e concentração plasmática do colesterol, nas duas primeiras décadas da vida. Daí a importância fundamental de se iniciar com as medidas preventivas o mais precocemente possível.

Desde o segundo semestre de 1999, a Unidade de Epidemiologia Clínica do InCor, em parceria com a Divisão Regional de Ensino Centro-Oeste da Secretaria de Estado da Educação do Governo de São Paulo, colhe informações sobre as características do estilo de vida de adolescentes matriculados entre a quinta e a oitava séries de escolas públicas e privadas dos bairros da região Centro-Oeste do Município de São Paulo. Cerca de 2.550 escolares responderam a um questionário auto-aplicável, com perguntas sobre hábitos alimentares, atividade física, fumo e consumo de bebidas alcoólicas. A partir de 2001, medidas de pressão arterial sistêmica, peso corpóreo e altura foram acrescentadas ao levantamento.

Resultados parciais da análise dos questionários aplicados mostram que entre os adolescentes que experimentaram o cigarro, os meninos fumaram pela primeira vez aos treze anos de idade, enquanto as meninas, mais precoces, aos 12; a quantidade de adolescentes que já experimentou bebidas alcoólicas é bem maior do que o número que já experimentou o cigarro: enquanto 55% dos adolescentes referem nunca terem bebido, 81% referem nunca terem fumado. Outras informações apresentadas no Congresso Brasileiro de Cardiologia de 2000, podem ser consultadas "clicando-se aqui".

Além das atividades de pesquisa e ensino, a Unidade de Epidemiologia Clínica do InCor presta serviços de educação em saúde à comunidade. Por ocasião da pesquisa nas escolas, são desenvolvidas atividades educativas com os alunos do ensino fundamental, na forma de palestras dialogadas sobre os riscos que levam às doenças cardiovasculares e as formas de preveni-los.

A coleta destas informações seguida da palestra dialogada com os escolares é realizada por profissionais da Unidade e por estudantes de medicina, treinados como multiplicadores da informação. A comunicação estabelecida entre os escolares e os estudantes de medicina facilita o processo de ensino-aprendizagem, o que também se constitui objeto de pesquisa da Unidade de Epidemiologia Clínica. Esta forma de construção de conhecimentos, decorrente da empatia estabelecida pela proximidade de idade, gostos e interesses, caracteriza o processo de educação entre pares. O exemplo do jovem, pouco mais velho, que conseguiu entrar na faculdade de medicina motiva a atenção do escolar adolescente, ao mesmo tempo em que a comunicação em sala de aula propicia o crescimento do universitário recém-saído da adolescência, como se refletisse no escolar, com quem dialoga, as lacunas que persistem no desenvolvimento da própria maturidade. Além disso, as experiências de vida dos dois lados se completam na construção do conhecimento comum ao escolar e ao universitário, através do "diálogo horizontal" próprio da educação entre pares.

Espera-se que esta ação junto aos escolares inicie um processo de reflexão para mudança de comportamento entre os adolescentes para a promoção da saúde em geral e a prevenção das doenças cardiovasculares. É neste sentido que as empresas são consideradas instituições parceiras, auxiliando na pesquisa, financiando projetos, abrindo espaço para uma conversa com os adolescentes na comunidade onde está inserida, cumprindo, assim, seu papel social.

Outros projetos são desenvolvidos pela Unidade de Epidemiologia Clinica do InCor em parceria com os Departamentos de Medicina Preventiva; Clínica Médica; Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP.

No inquérito de saúde e avaliação do Programa de Saúde da Família com a população atendida pelo Qualis são analisados informações sobre estilo de vida, fatores de risco cardiovascular e prevalência da dor torácica.

Na disciplina de Introdução à Medicina e às suas Especialidades se discute com os alunos recém-entrados no curso de graduação médica da faculdade casos clínicos, que mostram a importância da comunicação do profissional médico com a sua clientela, a necessidade de se trabalhar em equipe, a participação do estilo de vida no equilíbrio entre a saúde e a doença dos pacientes, a formação médica generalista, a nova forma de assistência à saúde representada


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